quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Cria asa periquito


Como eram bons os dias que não haviam as preocupações da vida adulta. O mais trabalhoso do meu dia era juntar os brinquedos que deixei jogado no chão depois de horas fantasiando historias para diferentes personagens. Hoje as coisas tomaram uma outra proporção.
Um dos (poucos) pontos positivos dessa mudança, é que ela acontece gradativamente. Que maravilha! Seria horrível, tenebroso se fossemos obrigado a crescer, criar asas de uma hora pra outra.
Primeiramente na escola (assim foi comigo), a partir da quinta série 10-12 anos, o círculo social começa a aumentar; podem acontecer pequenas desavenças, nessa fase pode ter grande importância ter perdido as canetas de gel coloridas do colega, mas não se compara com o que há de vir.
Entrada do ensino médio, quando se chega nos 13-15, começo da adolescência. Interessante é que nessa fase é uma mistura de todas as sensações ao mesmo tempo: hormônios à flor da pele, crise existencial, responsabilidade maior que antes, paixões, interesses, libido, preocupação com o futuro. Seu corpo muda, sua voz muda, sua pele muda, a personalidade começa a ser formada e é um período conturbado. Nessa fase o circulo de amizades se torna maior ainda, pior que antes, e aí fica cada vez mais difícil de administrar tudo isso, e você com a língua grande (e muita ingenuidade), fala alguma coisa sobre fulano, que de repente ciclano entende x e reproduz y, e aí percebe que lidar com muita gente, ser popular não era aquela delícia dos filmes adolescentes norte-americanos. Agora se tem muito tempo, muita disposição, mas pouco dinheiro.
A partir dos 16-17 (paramos por aqui, além disso eu não posso/sei falar sobre), o peso da vida adulta começa chegar, sorrateiramente; ele começa amigável, te dando liberdade, dinheiro, vida social, te conquista, te ilude e te aliena; te leva acreditar que tudo é maravilhoso. Com o tempo se percebe que junto com tudo isso vem responsabilidade, agora se tem menos tempo que antes, disposição já foi pro saco e a quantidade de sono não tá registrado. Falando de um adolescente que estuda e trabalha (foi o meu caso). A preocupação com o futuro é maior ainda, está terminando o ensino médio e tem que se preocupar com faculdade, talvez trabalhar em algum lugar, ou fazer algum curso quem sabe, viver dependendo dos pais, viver da sua arte (essa me agrada muito), o que fazer futuramente? A cobrança dos parentes do almoço de domingo é um pesadelo e perguntas sobre tua vida amorosa não preciso nem citar. E além de tudo isso, eu não tô nem falando sobre as dificuldades de manter um relacionamento (se falasse seria baseando-me em observações), dessa parte prefiro me abster.
Devagarzinho você se recompõe, essa é a primeira fase do amadurecimento para "o mundão lá fora". Ao término, já se está um pouco calejado,
Poderia continuar citando mais inúmeras complicações sobre crescer, mas acredito que já tenha atingido a franquia diária de reclamação (e o post ficaria insuportavelmente chato). A parte boa de tudo isso, é que apesar de ser um processo doloroso, não se é mais a pessoa de antes, o amadurecimento chega e agora se é um ser humano melhor, evoluído, pronto para coisas novas que antes poderiam ser um bicho de sete cabeças; agora se tem mais experiência, mais vivência. Hoje sou melhor que ontem, e amanhã serei melhor que hoje. Até morrer.
Mas isso não muda o fato de que ainda quero voltar a mais tenra idade.

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