sexta-feira, 1 de maio de 2015

Cabelo na moda? Cabelo na luta!

Gabriela Alves (minha amiga) pra inspirar vocês.
Cresci ouvindo mpb com meus pais, o repertório era bem variado, e tinha sempre os clássicos: Legião Urbana, Cássia Eller, Rita Lee, Ana Carolina, etc. Entretanto (e isso só fui notar "depois de grande"). Cazuza não fazia parte do repertório (porquê??).
Demorei pra conhecer as maravilhas que eram as musicas dele, a poesia, a voz, as mensagens, o sotaque carioca, gostei de tudo e pouco tempo depois eu estava com uma playlist diária de 15 musicas dele; decidi deixar meu cabelo crescer pra ter as madeixas parecidas com as dele.
Meu cabelo nunca passou de três dedos de comprimento, eu sempre deixei ele bem curtinho e nunca soube como ele era; eu só sabia que ele tinha muito volume, mas não poderia dizer que tinha cachos, também não era crespo e muito menos liso. Foram três árduos mêses de misterio, era a primeira vez que chegava a três dedos sem que eu me preocupasse com corte, o que me torturava era não saber o que vinha por aí.

"No princípio era a cabeça, os fios cresciam sem forma definida."
(VASCONCELOS, Gabs 1:1)

Brincadeiras a parte foi sofrido sim, até que ele cresceu e passei a viver feliz pra sempre (zoa).

Entendido isso vamos ao que interessa: eu passei a ouvir piadinhas horríveis, e não to nem falando das que me mandavam cortar, e sim alisar. Naquela época, cabelo cacheado, armado e fora do padrão era tido como anomalia, era quase que como uma doença. "É por falta de dinheiro? Vamos no cabeleireiro pra eu pagar seu tratamento" (Eu dramatizei demais agora).
Além de eu gostar muito da minha cabeleira (esteticamente), ela teve um papel político muito importante por onde eu passava, mudou o conceito retrógrado de que "cabelo bom" era só o liso. Com o tempo e com conversas descontraídas, sugeri que alguns amigos também experimentassem deixar o cabelo crescer, hoje estão lindos e também usam o cabelo pra lutar contra o racismo.
Pouco tempo depois a mídia trouxe isso pra moda, desconstruiu as muralhas de preconceito que ela mesma criou, tijolo por tijolo.
Mas quando a moda passar, estaremos de pé, eu e meus cachinhos.

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